V


OS TEUS OLHOS


I


Inveja a noite escura e tenebrosa
A negra côr do teu olhar vibrante,
Espelho d'alma triste e peito amante,
Imagem d'uma estrella radiosa.

O teu olhar de fogo!... E' assombrosa
A luz que espalha ao de redor; distante
Se fôr um dia, caminheiro errante,
Que elle me enxuge a face lacrimosa.

Se além, na campa, os membros já cançados
Eu repoisar ao pé dos tristes lyrios
E dos funereos goivos delicados.

Pago serei então de meus martyrios,
Se, juncto a mim, teus olhos magoados
Forem-me, ali, os derradeiros cyrios.