II


Talvez seja uma ponte arremessada
D'um nada a outro nada incomprehensivel,
Talvez seja uma nota não tangivel
Na harpa pelo Destino dedilhada.

A vida... talvez seja uma enseada,
Onde aporte, na furia inconcebivel
Dos elementos mil do Incognoscivel,
Noss'alma, sem timão, desarvorada.

Deixae livre correr a phantasia,
O' sabios que arrancaes á terra fria
Os mysterios de toda a immensidade...

Que a morte, poderosa como o incendio,
De vós rirá, com forte vilipendio,
Levando-vos talvez á Eternidade.