Página:Cartão postal retratando Muniz Barreto de circa 1904.jpg

CHRISTO NO GOLGOTHA

Ao martyrio da Cruz, de bens fecundo,
De Deus caminha o placido Cordeiro!
Em denso véu de trevas o luzeiro
Do dia se retrae com dó profundo.

Ao vozear do bando furibundo,
Treme do Golgotha o sagrado outeiro;
Dos rebatidos cravos do madeiro
Brotam faiscas, que dão luz ao mundo.

Alli, de sangue lagrimas vertendo,
Da Virgens a superna Magestade
Ao supplicio do Filho assiste horrendo!...

Cumprfe-se a pharisaica atrocidade:
Aos seus algozes o perdão dizendo,
Morre o Christo... e renasce a humanidade.

MUNIZ BARRETO