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Agosto de 1822 —

Carta que S. Magestade dirigia S. A. R. e Principe Regente do Brasil, e Seu Defensor Perpetuo.

Meu filho, não tenho respondido ás Tuas Cartas por de terem demorado as ordens das Cortes, agora receberás os seus Decretos, e te recommendo a sua observancia e obediencia ás ordens, que recolieres, porque assim ganharás a estimação dos Portuguezes, que um dia has de governar, e he necessario que lhe dês dicididas provas de amor pela Nação.

Quando escreveres lembrate, que fies em Principio, e que os teus escriptos são vistos por todo o mundo, a dever ter cautella, não só no que dizes, mas também no modo de te esplicares. Toda a Familia Real estamos bons; resta-me abençoar-te como Pai, que muito te amou.

João. Paço de Quelús em 3 de Agosto de 1822.


Resposta de Sua Alteza Real

Rio 1822/9 22 Meu Pai e Senhor

Tive a honra de receber de Vossa Magnitude uma Carta datada de 3 de Agosto, na qual Vossa Magestade me reprehende pelo meu modo de escrever, e falar da facção Luso-Espanhola (se Vossa Magestade me permitte, eu e meus irmãos Brasileiros lamentamos muito e muito o estado de coacção em que Vossa Magestade jais sepultado) eu não tenho outro modo de escrever, e como o verso era para ler medido pelos infames Deputados europeos e brasileiros do partido d’essas despoticas Cortes Executivas, Legislativas e Judiciarias cumpriu ser assim: e como eu