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CARTAS DE INGLATERRA

ferro, como nas judiarias do Ghuetto. Mas uma tal declaração não é menos ameaçadora. O estado dá a entender apenas que a perseguição não ha-de partir da sua iniciativa: não tem, porém, uma palavra para condemnar este estranho movimento anti-semitico, que em muitos pontos é presentemente organisado pelas suas proprias auctoridades.

Deixa a colonia judaica em presença da irritação da grossa população germanica — e lava simplesmente as suas mãos ministeriaes na bacia de Poncio Pilatos.

Não affirma sequer que ha-de fazer respeitar as leis que protegem o judeu, cidadão do imperio; tem apenas a vaga tenção, vaga como a nuvem da manhã, de as não alterar por ora!

O resultado d’isto é que n’uma nação em que a sociedade conservadora fórma como um largo batalhão, pensando o que lhe manda a «ordem do dia» e marchando em disciplina, á voz do coronel, — cada bom allemão, cada patriota, vae immediatamente concluir d’esta linguagem ambigua do governo que, se a côrte, o estado-maior, os feld-marechaes, o senhor de Bismarck, todo esse mundo venerado e obedecido não vêem o odio ao judeu com enthusiasmo, não deixam, todavia, de o approvar em seus corações christãos... E o novo movimento vae certamente receber, d’aqui, um impulso inesperado.