A Pall Mall Gazette, uma das folhas inglezas que mais reserva guardaram no tocante ao processo Dreyfus, soltou esta tarde os diques ao seu humour e a sua severidade nestas palavras: «Não ha muito que a Europa mettia á bulha o imperador da China pelo seu systema obsoletamente barbaro de punir arrancando botões ao accusado. Comtudo, o contagio já se communicou á França. Custa a perceber o proveito da repulsiva scena celebrada sabbado na praça da Escola Militar. A degradação symbolica, nas leis militares, é uma Teliquia da média idade, em que a investidura se operava tambem por um ritual solemne. Comprehendemos o clamor pela execução de espiões e traidores. Comprehenderiamos, até, como recurso disciplinar, a efficacia e o valor de um apparato como esse, quando levado a effeito no campo de batalha. Mas, devemos confessal-o, os pormenores da degradação, concebidos e postos por obra a sangue frio, mezes após a perpetração do allegado crime e semanas depois da sentença proferida contra o infeliz, deixam-nos a impressão de uma penalidade quasi materialmente identica a tortura.»
Dilacerante, como é, todavia, essa expiação no seu cortejo de circumstancias terriveis, não conseguio moderar, em França, o espasmo de odio insa-