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PRÓLOGO


O estudo definitivo sôbre a autenticidade das Cartas da Freira portuguesa; a existencia, em Beja, da grande e desventurada amorosa; e até se fôra ou não o senhor de Chamilly quem ateára êsses arroubos de paixão esbraseante, — tudo isso só está irrefragàvelmente esclarecido desde 1888. Foi pelo trabalho precioso de Luciano Cordeiro que a questão ficou posta a tôda a luz.[1] Tudo o leitor ai encontra minuciosamente explanado — mais de dois séculos depois do aparecimento das Cartas!

Portugal tem sido sempre um pais de maravilhas — e de desleixados. Em letras e belas-artes é quási criminoso o que se deixou esfarrapar e esboroar. Quando um grito se erguia reclamando documentos ou elucidando-os, êsse apêlo ou essa lição perdia-se fatigadamente entre o encolher de ombros dum desdém quási geral. O tempo que

 

  1. Sóror Mariana — a Freira portuguesa.