III
Provemos a ver se será possível dar alguma regra ao alkur; ao amor, que soe ser a principal causa de razer o casados mal casados. Umas vezes porque falta, e outras porque sobeja. Armemos-lhe, se quer, as rédes; caia èle se quiser; e o mais certo será que avôe, e fuja delas; porque quiçá por isso o plataram com asas.
Ame-se a faulter, mas de tal sorte que se não perca por ela seu marido. Aquele amor cego fique para as damas, e para as mulheres o amor com vista. Ou cure os olhos que tem, ou os peça emprestados ao entendisiento desses que lhe sobejam.
Digo, perder pelo mulher perder por ela seu marido a dignidade, e compostura de homem, a troco de Jue não contradizer sua vontade, quando é justo que Iha contradiga.
Saiba-se, e tema-se, que também há narcisos do smer alheio, como de seu próprio.
Gabavam muito certos Cardeais ao Papa Pio V, ura seu criado, que éle mais favorecia. Respondeu-lhes: Bom é, mas nunca me contradiz. Tam longe está de ser desamor, que antes é perfeição do amor o saber encontrar a vontade de quem se ama, quando ela não deve de ser seguida.
Há alguns, senhor N., de tam pouco juizo, que fazem ostentação de seu próprio cativeiro. Igual afron-