por mãos daquela santa princesa, ou ganhados pelo trabalho delas.
Não cansa a minha Margarida de Valois, rainha que foi de França, e Navarra. Chamo-lhe minha pela grande afeição que tenho a seus escritos ; e porque foi, a meu juízo, a mais discreta mulher de nossos tempos ; cujas acções de muitos caluniadas, eu espero brevemente defender no meu Teodósio. Não cansa, digo, esta entendidíssima senhora de encarecer o bem que lhe pareceu vêr desabotoar-se a condessa de Lalaim, estando à mesa com a própria rainha, a dar de mamar a um filhinho seu, que a seus peitos criava. Gaba a franceza grandemente aquela caseira acção da condessa, e diz : que nunca teve inveja a feito de mulher, como a aquele.
XXII
Há umas mulheres ídolos, que ou são inutilíssimas, ou se prezam de o ser ; e só lhes parece que nasceram para ser adoradas ; e disso só querem servir. Ora eu me contento com que não façam mais de um serviço em suas casas. E seja êste. Sirva a mulher de ser senhora de sua casa, satisfaça as obrigações dêste seu ofício : que assaz fará de serviço a sua casa, a seu marido, se o fizer como deve.
Como o tomará v. m. se disser mal das varonis. Ó senhor N., eu me fundo em razão. Se eu tivesse por certo que o grande coração da mulher se houvesse sem-