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CARTAS DE AMOR
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quando gozava dêsses testemunhos que me davas reciprocamente da tua.

¿Como é possivel que lembranças de momentos tam agradáveis se tornassem tam crueis? ¿E que hajam de necessidade, em despeito da sua própria natureza, servir sómente para tiranizar o meu coração?

Ai de mim! A tua última carta o reduziu a um estado miserando; as suas palpitações foram tam sensíveis, que pareciam-me como esforços para separar-se de mim, e reünir-se a ti.

Fiquei tam abatida destas comoções violentas, que caí em um desmaio por mais de três horas, perdidos os sentidos…

Lutava assim contra a vida que não queria recobrar, pois devo perdê-la por ti, já que não posso conservá-la para ti…

Enfim, tornei de mau grado a ver a luz…

Comprazia-me o sentir que morria de amor… e demais estimava cessar para sempre de sofrer as angústias de um coração, despedaçado pela dôr da tua ausência.

Depois dêste acidente, padeci muitas e diversas indisposições; ¿mas como posso eu existir sem males, enquanto não torno a ver-te?

Sei suportá-los sem murmurar, porque de ti provêm.

Como? ¿É essa a retribuição que me dás por haver-te amado com tam extremada ternura?

Não importa.

Estou resolvida a adorar-te tôda a minha vida, e a não ver mais pessoa alguma… e certifico-te que farias bem de não amar juntamente ninguém.

¿Acaso poderias contentar-te com outra paixão menos ardente do que a minha?