Sevér, de Costa e Silva, e do laborioso bíbliófilo o snr. Inocêncio Francisco da Silva, relações que muito convém ampliar com os acrescentamentos do snr. Alexandre Herculano, no citado periódico.
O meu propósito é deter-me tam sòmente na parte desconhecida ou hipotética da sua história, a causa bem esquadrinhada da sua desgraça — a prisão de dôze anos, funestamente continuados no destêrro.
Os passos mais gloriosos de sua vida, referidos por êle mesmo, devem ser lidos muito mais agradàvelmente. Relata-os a D. João IV, com a verdade usada naquele tempo com os reis. Não podia desmentir-lhos o monarca, sendo invocado a depôr na veracidade dêles. Os honrados serviços de D. Francisco Manuel de Melo tinham de si mesmos o galardão de poderem ousadamente entrar ao paço, e humilharem o rei que autorizava os afrontamentos e as vilanias.
É o que o leitor vai julgar do Memorial em parte já conhecido dos extractos do snr. A. Herculano. Dou cópia inteira dêsse honroso documento, do qual escreveu aquele perspicaz historiador…[1] é talvez o mais eloqüente arrazoado, escrito na língua portuguesa, e que nunca se imprimiu. Dêle tirámos o pedaço que acima ficou transcrito, e outro que vamos apresentar, como um modêlo de veemência, sentimento, e estilo, para que de caminho se veja quam rica e bela é esta nossa língua portuguesa, que para exprimir afectos nem carece de neologismos, nem de enredar-se de arcaismos
- ↑ Veja Biblioteca Lusitana, tom. II. Ensaio biog. crítico, tom. VIII, e Dic. bibliogr., tom. II, pag. 437 e seguintes.