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Não sei que fogo interno me impellia
Á conquista da luz, do amor, do gozo,
Não sei que movimento imperioso
De um desusado ardor minha alma enchia.

Corri de campo em campo e plaga em plaga.
(Tanta anciedade o coração encerra!)
A ver o lyrio que brotasse a terra,
A ver a escuma que cuspisse — a vaga.

Mas, no areal da praia, no horto agreste,
Tudo aos meus olhos avidos fugia.....
Desci ao chão do valle que se abria,
Subi ao cume da montanha alpéstre.

Nada! Volvi o olhar ao céu. Perdi-me
Em meus sonhos de moço e de poeta;
E contemplei, nesta ambição inquieta,
Da muda noite a pagina sublime.

Tomei nas mãos a cythara saudosa,
E soltei entre lagrimas um canto...
A terra brava recebeu meu pranto
E o éco repetiu-me a voz chorosa.