Cheio de amor, vasio de esperança,
Dei para ti os meus primeiros passos;
Minha illusão fez-me, talvez, criança;
E eu pretendi dormir aos teus abraços,
Cheio de amor, vasio de esperança.

Refugiado á sombra do mysterio
Pude cantar meu hymno doloroso;
E o mundo ouvio o som doce ou funereo
Sem conhecer o coração ancioso
Refugiado á sombra do mysterio.

Mas eu que posso contra a sorte esquiva?
Vejo que em teus olhares de princeza
Transluz uma alma ardente e compassiva
Capaz de reanimar minha incerteza;
Mas eu que posso contra a sorte esquiva?

Como um réo indefeso e abandonado,
Fatalidade, curvo-me ao teu gesto;
E se a perseguição me tem cansado,
Embora, escutarei o teu aresto
Como um réo indefeso e abandonado.