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Com uma onda de luz veio inundal-a;
Ella viu sua imagem nos meus olhos,
Um riso de anjo desfolhou nos labios
        E murmurou um canto.

Filha da dôr, ó languida harmonia!
Lingua que o gênio para amor creára —
E que, herdada do céu, nos deu a Italia!
Lingua do coração—onde alva idéa,
— Virgem medrosa da mais leve sombra, —
Passa envolta n'um véu e occulta aos olhos!
Que ouvirá, que dirá nos teus suspiros
Nascidos do ar, que elle respira — o infante?
Vê-se um olhar, uma lagrima na face,
O resto é um mysterio ignoto ás turbas,
Como o do mar, da noite e das florestas!

Estavamos a sós e pensativos.
Eu contemplava-a. Da canção saudosa
Como que em nós estremecia um éco.
Ella curvou a languida cabeça....
Pobre criança! — no teu seio acaso
Desdemona gemia? Tu choravas,