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E em tua boca consentias triste
Que eu depuzesse estremecido beijo;
Guardou-a a tua dôr ciosa e muda:
Assim, beijei-te descorada e fria,
Assim, depois tu resvallaste á campa;
Foi, como a vida, tua morte um riso,
E a Deus voltaste no calor do berço.

Doces mysterios do singelo tecto
        Onde a innocencia habita;
Cantos, sonhos d'amor, gozos de infante,
E tu, fascinação doce e invencivel,
Que á porta já de Margarida, — o Fausto
        Fez hesitar ainda,
Candura santa dos primeiros annos,
        Onde paraes agora?
Paz á tua alma, pallida menina!
Ermo de vida, o piano em que tocavas
Já não accordará sob os teus dedos!