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Viçosa, sobre a haste, honra das flores,
Hei visto apenas da manhã serena
Romper a luz, —quero acabar meu dia.

Morte, tu podes esperar; affasta-te!
Vae consolar os que a vergonha, o medo,
O desespero pallido devora.
Pales inda me guarda um verde abrigo,
Osculos o amor, as musas harmonias;
Affasta-te, morrer não quero ainda!»—

Assim, triste e captiva, a minha lyra
Despertou escutando a voz magoada
De uma joven captiva; e sacudindo
O peso de meus dias langorosos,
Accomodei a branda lei do verso
Os accentos da linda e ingenua boca.

Socios meus do meu carcere, estes cantos
Farão a quem os ler buscar solicito
Quem a captiva foi; ria-lhe a graça
Na ingenua fronte, nas palavras meigas;
De um termo á vida, ha de tremer, como ella,
Quem aos seus dias for casar seus dias.