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Um edifício resistente aos tempos,
Mas lá vem dia, em que, a um leve sopro,
        O castello se abate,
Onde, doce illusão, fechado havias
Tudo o que de melhor a alma do homem
        Encerra de esperanças,

        Dorme, dorme tranquilla
Em teu ultimo asylo; e se eu não pude
Ir espargir tambem algumas flores
Sobre a lagea da tua sepultura;
Se não pude, — eu que ha pouco te saudava
Em teu erguer, estrella,- os tristes olhos
Banhar nos melancolicos fulgores,
Na triste luz do teu recente occaso,
Deixo-te ao menos nestes pobres versos
Um penhor de saudade, e lá na esphera
Aonde approuve ao Senhor chamar-te cedo,
Possas tu ler nas pallidas estrophes
        A tristeza do amigo.