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Em suas mãos o sol da liberdade,
E inda não quiz que nesse dia infausto
Teu macerado corpo allumiasse.

Resignada á dôr e ao infortunio,
A mesma fé, o mesmo amor ardente
        Davam-te a antiga força.
Triste viuva, o templo abriu-te as portas;
Foi a hora dos hymnos e das preces;
Cantaste a Deus; tua alma consolada
Nas azas da oração aos céus subia,
Como a refugiar-se e a refazer-se
        No seio do infinito.
E quando a força do feroz cossaco
Á casa do Senhor ia buscar-te,
Era ainda resando
Que te arrastavas pelo chão da egreja.

Pobre nação! — é longo o teu martyrio;
A tua dôr pede vingança e termo;
Muito has vertido em lagrimas e sangue;
É propicia esta hora. O sol dos livres
Como que surge no dourado Oriente.