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VII

paizes tornaram-se aqui inintelligiveis e só pela comparação se explicam. A sua fórma em geral é secca, monotona, emumerativa. Alguns, porém, apresentam-se ainda n'uma fórma excellente, menos deturpados por elementos modernos; n'outros, como em todos os paizes succede, ha o resultado de extranhas combinações de elementos de contos diversos. É o que se dá, por exemplo, com o nosso n.º XIV: A Torre de Babylonia, que no fundo offerece analogias evidentes com o conto dos Cunhados animaes (Thierschwäger), estudado por R. Köhler na sua nota IV aos Awarische Texte, herausgegeben von A. Schiefner (Mém. de l'Acad. impér. des Sciences de S. Pétersbourg, VII sér. tome XIX, n.º 6). Posteriormente á publicação das notas de Köhler, deu Pitré uma nova versão siciliana d'esse conto (Fiabe, Novelle e Racconti popolari siciliane, n.º 16) e uma serba, complicada com elementos diversos, foi traduzida em inglez por Madam Csedomille Mijatovics (Serbian Folk-Lore, 1874. 8.º: Bash-Chalek, p. 146 ss.)

Até hoje apenas foram publicados os seguintes contos populares portuguezes: tres com fórma em parte não popular pelo nosso amigo e collega Th. Braga, dous nos Estudos da edade media (Cacheirinha; vid. n.º XXIV da nossa collecção; Tres cidras do amor, de que temos já cinco versões); outro no livro sobre o Amadis de Gaula (correspondente ao n.º XV da nossa collecção); o da Formiga e da neve, aqui reproduzido com o n.º II, que nós forneceramos ao mesmo escriptor e que elle publicou no seu livro sobre Os Trovadores, o n.º XXII que deramos em duas versões na Revista Occidental, e o nosso numero XLIV, já publicado por nós no Positivismo fasc. I.

Com esta collecção, que será seguida brevemente, como esperamos, da publicação dos outros contos que temos reunidos, fica realisado um desejo ha muito expresso pelos homens que conhecem o valor d'estas cousas; Portugal deixa de ser uma excepção com relação ao interesse que nos outros paizes de lingua romanica