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vallo branco, que ia muito apressado. O pae disse-lhe que o mandasse subir. E o rei perguntou-lhe o que elle vinha fazer. O principe contou-lhe a sua vida. E o rei disse-lhe: «Bem sei, que andas illudido». Diz elle: «Não tem duvida, que é por a muita amizade que eu tenho a minha mãe.» E o rei disse-lhe: «Pois então vae» e deu-lhe uma espada ferrugenta e uma enchada. E disse-lhe que fizesse uma cova mesmo na cama do porco espinho e que mettesse o cavallo dentro da cova, e elle que se pozesse a cavallo. Quando o porco espinho viesse que se havia de deitar logo ao cavallo e elle que lhe espetasse a espada na cabeça. Elle assim fez. E depois abriu o porco espinho e tirou-lhe a banha esquerda e veiu-se embora com ella. Veiu pela porta do Rei Sabio e a fiiha disse ao pai que vinha alli o mesmo cavalleiro que tinha levado a enchada e a espada. O pae disse-lhe que o mandasse subir, e quando elle pousasse a banha do porco espinho na sala, que lh'a tirasse e pozesse uma outra de porco. Depois o principe veiu-se embora para o palacio, entregou a banha a mãe, e ella ficou muito contente, mas muito desconsolada de elle ainda não ter morrido. No outro dia o gigante tractou de idear outra cousa para vêr se o matava. Disse lhe que não se achava boa, sem que bebesse um copo de agoa de uma quinta que tinha o Rei Sabio, e elle foi e passou á porta do rei sabio e a filha foi dizer ao pae que vinha outra vez o cavalleiro do cavallo branco. O rei perguntou-lhe para onde elle ia; elle disse-lhe que ia buscar um copo de agoa para a mãe que estava muito doente. O rei disse-lhe que fosse, que havia de vêr dois tanques, um de agoa suja e outro da agoa limpa. Que não tirasse do mais limpo, mas tirasse do mais sujo; mas que se aviasse depressa porque o portão da quinta em dando meio dia fechava-se e quem lá estava já não sahia. Elle assim fez. Depois quando vinha para casa, passou á porta do Rei Sabio e a filha foi dizer ao pai que estava alli o cavalleiro do cavallo branco. O pae disse-lhe que o mandasse subir, — quando elle pousasse o copo de agoa na sala que lh'o tro-