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Responde o rato: «Tão forte sou eu que o gato me come.»

«Oh gato! tu és tão forte que comes o rato que fura a parede, que impede o sol, que derrete a neve, que o meu pé prende.»

Responde o gato: «Tão forte sou eu que o cão me morde.»

«Oh cão! tu és tão forte que mordes o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o sol, que derrete a neve, que o meu pé prende!»

Responde o cão: «Tão forte sou eu que o pao me bate.»

«Oh pao! tu és tão forte, que bates no cão, que morde o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o sol, [que derrete a neve,] que o meu pé prende!»

Responde o pao: «Tão forte sou eu, que o lume me queima.»

«Oh lume! tu és tão forte, que queimas o pao, que bate no cão, que morde o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o sol, que derrete a neve, que o meu pé prende!»

Responde o lume: «Tão forte sou eu que a agua me apaga.»

«Oh agua! tu és tão forte que apagas o lume, que queima o pao, que bate no cão, que morde o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o sol, que derrete a neve que o meu pé prende!»

Responde a agua: «Tão forte sou eu que o boi me bebe.»

«Oh boi! tu és tão forte que bebes a agua, que apaga o lume, que queima o pao, que bate no cão, que morde o gato, que come o rato, que fura a parede que impede o sol, que derrete a neve que o meu pé prende!»

Responde o boi: «Tão forte sou eu que o carniceiro me mata.»

«Oh carniceiro! tu és tão forte, que matas o boi, que bebe a agua, que apaga o lume, que queima o pao, que bate no cão, que morde o gato, que come o rato,