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mas depois voltou atraz a pedil-a á lavadeira, e, como esta lh’a não quizesse dar, furtou-lhe uma camisa.

Foi-se mais para diante; viu um violeiro sem camisa e disse-lhe: — «Coitado estás sem camisa; toma lá, vae-te vestir.« Em quanto elle foi vestir a camisa, furtou-lhe o gato uma viola e depois subiu para cima d’uma arvore e começou a tocar viola e a cantar:

— «Do meu rabo fiz navalha;
Da navalha fiz sardinha;
Da sardinha fiz farinha;
Da farinha fiz menina;
Da menina fiz camisa;
Da camisa fiz viola;
Frum, fum, fum,
Vou para a minha escola.»

(Coimbra)



XI
O PINTO BORRACHUDO

Era d’uma vez um pinto borrachudo que andava a gravetar em um monte de terra e achou lá uma bolsa de moedas e disse: — «Vou levar esta bolsa ao rei.»

Poz-se a caminho com a bolsa no bico, mas como tivesse de atravessar um rio e não podesse disse: — «Oh rio! arreda-te para eu passar.» Mas o rio continuou a correr e elle bebeu a agua toda.

Foi mais para deante e viu uma raposa no caminho e disse-lhe: — «Deixa-me passar.» Como a raposa se não movesse, comeu-a.

Foi andando e encontrou um pinheiro e disse-lhe: