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Como se approximasse o dia das justas, a princeza foi procurar o soldado e responderam-lhe que estava a dormir. A princeza para não o acordar voltou no dia seguinte e deram-lhe a mesma resposta. Ella então foi ter ao quarto onde elle estava e escreveu-lhe no punho da camisa: — «Tal dia são as justas.» Elle quando acordou reparou no que estava escripto no punho da camisa, recordou-se do ajuste e levantou-se da meza sem attender ás donas da casa que lhe pediam que antes de partir bebesse uma gota d'agua.

Chegado o dia das justas, o soldado vestiu um fato mais rico ainda do que os dos fidalgos que iam ás justas; montou um rico cavallo e foi passear debaixo da janella da princeza, mas ella não o conheceu. Então o rei perguntou á princeza qual era o seu escolhido, ao que ella respondeu que o seu escolhido não apparecera.

Findas as justas, convidou o rei todos os cavalleiros para jantar. O soldado foi sentar-se perto da princeza, e mostrou-lhe a manga da camisa e então ella levantando-se disse, indicando o soldado: — «Eis aqui o escolhido do meu coração; é este o unico homem que me preferiu ás riquezas que me cercam.» Casaram e viveram no meio das maiores felicidades.

(Coimbra.)




XIX


A AFILHADA DE SANTO ANTONIO

Havia um pae que tinha muitos filhos a ponto de ser compadre de quasi toda a gente da sua terra, pois iam ser padrinhos dos filhos d'elle. Nasceu-lhe mais uma