tambem de ouro, cousa mais linda que dar-se póde! Só vosmecê possuindo...» A rainha mandou perguntar á peregrina quanto queria pela almofada. A moça respondeu: «Para ella não é nada; basta me deixar dormir uma noite no quarto do príncipe que está doente.» A criada foi dar a resposta; mas a rainha ficou muito insultada e não quiz. Mas a criada lhe disse: «O que tem, rainha, minha senhora? o principe meu senhor está tão mal que nem conhece mais ninguem; que mal faz que aquella tola turma lá no quarto no chão?» A rainha concordou; e foi a almofada de ouro para palacio, e a peregrina dormiu no quarto do doente. Logo nesta primeira noite ella lavou bem sa feridas que o principe tinha no peito, e botou n'ellas o pó dos corações das rolinhas; mas o principe ainda não deu côr de si, e não a conheceu. No dia seguinte a moça foi outra vez para debaixo da arvore, e puxou para fóra a gallinha de ouro com os pintinhos, que se puzeram a andar. A criada veiu passando e viu. Correu logo para palacio e disse: «Ó rainha minha senhora, a peregrina está com uma gallinha de ouro com uma ninhada de pintos, tudo vivinho e andando... Que cousa bonita! Só rainha, minha senhora, possuindo...» A rainha mandou pôr negocio. A moça disse que não era nada; bastava deixar ella dormir mais duas noites no quarto do principe. A rainha não queria; mas a criada arranjou tudo, e a moça foi dormir no quarto do principe, e deu a gallinha e os pintos de ouro. Na segunda noite que ella dormiu em palacio, a moça continuou o tratamento, e ahi o principe foi melhorando e já a ia conhecendo. Na terceira noite acabou o curativo e o principe ficou bom. Depois que ficou de todo com saude, sahiu do quarto e apresentou á rainha e ao rei a peregrina como sua noiva e assim se desmanchou o casamento que já lhe tinham arranjado com uma princeza visinha. Houve muita festa na cidade e no palacio... E eu (isto diz por sua