conta o narrador popular) trouxe de lá uma panellinha de doce para lhe dar (referindo-se á pessoa a quem contou a historia), mas a lama era tanta que alli na ladeira dos Quiabos escorreguei e cahi e lá foi-se o doce.


Entrou por uma porta,
Sahiu por um pé de pato;
Manda o rei, meu senhor,
Que me conte quatro.


XVIII


João Gurumete


(Pernambuco)

Havia um sapateiro muito tolo que tinha um discipulo, que o aconselhava. Uma vez o sapateiro, botando um caco com gomma para esfriar, cahiram n'elle sete moscas, que ficaram presas e morreram. O discipulo, vendo aquillo, aconselhou ao mestre que escrevesse em letras grandes na cópa de seu chapéo: João Gurumete que de um golpe matou sete. Assim elle fez.
O povo quando viu aquillo ficou pensando que o sapateiro era um homem muito valente. Aconteceu que appareceu um bicho bravo, que andava acabando tudo, comendo a gente. Era um bicho de sete cabeças e sete linguas; todos os dias elle vinha buscar sua porção de gente, e, de sete em sete, já tinha acabado os meninos da cidade e estava devorando as donzellas. O rei mandou suas tropas acabar com o bicho, mas nada puderam fazer. Foram dizer ao rei que havia na cidade um homem muito destemido que só d'um golpe tinha matado sete, e que só elle é que podia dar cabo do bicho. O rei mandou chamar o João Gurumete e o mandou acabar com aquella fera. O sapateiro ficou muito assustado