serviço, e o dono da casa o aceitou. Foi o moço derrubar uma roça e deitou com tres ou quatro fouçadas quasi todas as mattas do engenho em baixo. O dono ficou muito assustado, e não o quiz mais no seu serviço. Além d'isto, na hora de jantar, o principe não quiz o comer que lhe deram por não chegar nem para o buraco de um dente, e pediu um boi e um alqueire de farinha. O senhor do engenho, pensando que elle não podesse comer tudo, mandou dar-lhe para o experimentar, e ainda mais espantado ficou quando o viu devorar tudo, e o despediu.

Voltou o principe para o palacio de seu pai. Ahi esteve alguns dias, até que o rei mandou de novo reunir os conselheiros, que foram de opinião que o rei mandasse o principe pegar seis leões bravos nas mattas. Isto era para vêr se os leões davam cabo d'elle. O moço pediu um carro e uma junta de bois. Chegando nas mattas dos leões passou lá seis dias. Em cada dia matava um boi do carro e pegava um leão, botava no logar, e o amansava. Depois cortou umas arvores muito grandes e botou no carro e largou-se para traz. Quando o rei o viu foi aquelle zoadão que parecia que queria vir tudo abaixo. Era o barulho das arvores e dos leões que vinham com Manoel da Bengala. Assim se ficou chamando o principe, por causa da bengala de ferro. Afinal o rei ordenou-lhe que ganhasse o mundo e não lhe voltasse mais em casa. O principe partiu.

Chegando adiante viu um homem passando um rio cheio, mas sem se molhar, e disse: «Adeus, Passa-váo.» — «Adeus, Manoel da Bengala.» — «Passa-váo, você quer andar na minha companhia?» — « Quero.» — «Apois então me passe para banda de lá.» Passa-váo o passou e seguiram juntos. Mais adiante encontraram um homem cortando muito cipó e emendando para fazer um laço, e Manoel da Bengala disse: «Adeus, Arranca-serra.» — «Adeus, Manoel da Bengala.» — «Ar--