nou-lhe então que fizesse amanhecer o seu palacio no meio do mar, sob pena de perder a vida. O rei jurado recolheu-se ao seu aposento no palacio muito triste e pensativo, temendo perder a vida no dia seguinte. Dirigindo-se então a princeza para onde estava elle, perguntou-lhe a causa da sua tristeza. Respondeu que tinha de perder a vida no dia seguinte, si não fizesse apparecer o palacio no meio do mar, conforme seu pai lhe tinha ordenado. Ella lhe prometteu que d'essa vez ainda não morreria; que dormisse descançado, que quando amanhecesse estaria no meio do mar. O que tudo aconteceu com admiração de todos. Como o pai da Cova da Linda Flôr não pudesse d'esta segunda vez matar o rei, seu companheiro, ordenou-lhe que désse conta d'um annel que sua mulher tinha perdido no mar, com pena de perder a vida no dia seguinte. Retirou-se o hospede ao seu aposento outra vez triste e pensativo; o que sabendo a princeza, para lá se dirigiu e perguntou-lhe o motivo. «Tenho de morrer ámanhã si não der conta de um annel que a rainha vossa mãi perdeu no mar.» A moça prometteu-lhe que estivesse descançado, que tinha de achar o annel. Deu então ao rei uma varinha, indicando-lhe uma lage que havia no mar, que, quando amanhecesse, se dirigisse á dita lage e batesse com a varinha, que havia de começar a sahir os peixes que estavam no fundo da lage, que havia de vêr um de papo amarello, que o agarasse e o abrisse que dentro encontraria o annel. Assim foi. Tudo se passou como a princeza ensinou; arranjado o annel o rei foi leval-o ao outro que logo o reconheceu e percebeu que isto eram artes da Cova da Linda Flôr, e resolveu acabar tambem com ella. Porém a moça adivinhando isto foi ter ao aposento do seu protegido e lhe disse que fosse á estrebaria de seu pai, que lá encontraria tres cavallos, um muito gordo e grande que andava como a agua, outro mais abaixo na figura que andava como o vento, e outro ainda