ELEMENTO EUROPEU
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trou tambem desejos de ir visitar a rainha de Castella.

Logo que o moço se viu longe de palacio, disse: «Bota, bota-me agora na terra da rainha de Castella.» Assim foi. Chegado lá, elle indagou que «era uma princeza que o pai queria casar, e que era tão bonita que ninguem passava pela frente do palacio que não olhasse logo para cima para vêl-a na janella; mas a princeza tinha dito ao rei que só casava com o homem que passasse por ella sem levantar a vista.»

O estrangeiro foi passar, e atravessou toda a distancia sem olhar, e a princeza casou com elle.

Depois de casados, ella indagou pela significação d'aquelles objectos que seu marido sempre trazia comsigo; elle tudo lhe contou, e a princeza prestou muita attenção ao prestigio da chave.

O rei, seu pai, tinha em palacio um quarto que nunca se abria, e n'este quarto, onde era prohibido a todos entrar, estava, desde muito tempo, trancado um bicho Manjaléo, muito feroz, que sempre o rei mandava matar e sempre revivia. A moça tinha muita curiosidade de o vêr, e, aproveitando a sahida do pai e do marido para uma caçada, pegou na chave encantada e abriu o quarto. O bicho pulou de dentro, dizendo: «A ti mesmo é quem queria!…» e fugiu com ella para as brenhas.

Quando voltaram os caçadores, deram por falta da princeza, e ficaram muito afflictos. O rei foi ao quarto do Manjaléo, e achou-o aberto e vazio, e o novo principe conheceu a sua chave… Ao depois valeu-se de sua bota e foi ter aonde estava sua mulher. Esta quando o viu, estando ausente o Manjaléo, ficou muito alegre, e quiz ir-se embora com elle. Mas o marido o não consentiu, dizendo que ella ficasse ainda para indagar do monstro onde estava a sua vida, para assim dar-se cabo d'elle. O principe foi-se embora. Quando o Manja-