ELEMENTO EUROPEU
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do, nunca criei peixe.» A velha seguiu. Adiante encontrou um pé de fructa muito copado e bonito; mas sem uma só fructa. Ao avistar a velha, a arvore disse: «Onde vae, minha velhinha?» — «Vou a casa do Sol buscar uma mésinha para gente que virou pedra.» — « Pois pergunte a elle a razão porque, sendo eu tão grande, tão verde e tão copada, nunca dei um só fructo…» A caminheira seguiu. Depois de andar muito, passou pela casa de tres moças, todas tres solteiras e já passando da edade de casar. As moças lhe disseram: «Onde vae, minha avó?» A velha contou onde ia. Ellas lhe pediram para indagar do Sol o motivo porque, sendo ellas tão formosas, ainda se não tinham casado. A velha partiu e continuou a caminhar. Ainda depois de muito tempo é que chegou a casa da mãi do Sol. A dona da casa recebeu-a muito bem; ouviu toda a sua historia e encommendas que levava, e escondeu-a em razão de seu filho não querer extranhos em sua casa, e quando vinha era muito zangado e queimando tudo. Quando o Sol chegou vinha desesperado e estragando tudo o que achava:

«Fum… aqui me fede a sangue real!… aqui me fede a sangue real!…» — «Não é nada não, meu filho, é uma gallinha que eu matei para nós jantar.»

Assim a mãi do Sol o foi enganando, até que elle se aquietou e foi jantar. Na mesa da janta sua mãi lhe perguntou: «Meu filho, um rio muito fundo e largo porque é que não dá peixe?» — «É porque nunca matou gente.» Passou-se um pouco de tempo e a velha fez outra pergunta: «E uma arvore muito verde e copada, porque é que não dá fructa?» — «Porque tem dinheiro enterrado em baixo.» Pouco tempo depois outra pergunta: «E umas moças bonitas e ricas porque não casam?» — «Porque costumam mijar para o lado em que eu nasço.» Deixou passar mais um tempinho e perguntou: «E qual será o remedio para gente que tiver virado pedra ?» Ahi o Sol enfadou-se e disse: «O que