ELEMENTO EUROPEU
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ambiciosa mandou offerecer compra pela bolsa. O preso lhe mandou dizer que para ella não era nada; bastava deixal-o dormir no seu quarto da banda de dentro, junto da porta. A roubadeira ficou muito insultada, e pôz-se a rascar: Foi preciso que a escrava lhe dissesse: «Oh! Chonte! minha senhora, que mal faz? Vosmecê dorme em sua cama e aquelle tolo lá no chão.» Fez-se o negocio, e o maganão dormiu dentro do quarto da princeza. No dia seguinte, indo a negra levar o almoço, elle puxou pela viola e pôz-se a tocar, e todos os presos a dançar, e a negra largou os pratos no chão e pôz-se tambem a dançar, e demorou-se muito, a ponto da roubadeira mandar chamar a negra, admirada d'aquella demora. A preta lhe respondeu: «Minha senhora, aquelle preso está com o diabo. Tem agora uma violinha que só vosmecê possuindo…» A princeza mandou logo offerecer dinheiro por ella; o preso não quiz, dizendo: «Esta… só se ella casar commigo!…» A negra foi dar o recado. A moça arrufou-se; mas a final consentiu, e casou-se. Depois d'isto todos os presos foram soltos. Houve muita festa; eu lá estive (diz a narradeira) e trouxe uma panellinha de doce, que cahiu alli na ladeira.

Entrou por uma porta,
Sahiu por um canivete;
Manda o rei, meu senhor,
Que me conte sete.




VIII


O Passaro preto


(Pernambuco)

Uma vez um homem pobre tinha um passaro preto que estimava muito, e, tendo um filho muito travesso, foi