as suas flôres e pediu a Labismina uma bella carruagem e foi tambem á festa. Todos ficaram muito esbabacados de vêr moça tão bonita e rica, e ninguem sabia quem era. O principe, filho do rei, ficou logo muito apaixonado por ella. Antes de acabar-se a festa, a moça partiu e metteu-se na sua roupinha velha, e foi cuidar das gallinhas. O principe, quando chegou a palacio, disse á rainha: «Viu, minha mãi, que moça bonita appareceu hoje na festa? Quem me dera casar com ella! Só parecia a criadeira de gallinhas.» — «Não digas isto, meu filho; aquella pobre tinha roupa tão fina e rica? Vai vêr como ella está lá em baixo porca e esmolambada.» O principe foi onde estava a criada e lhe disse: «Ó criadeira de gallinhas, eu hoje vi na festa uma moça que só se parecia comtigo…» — Ô chente, principe, meu senhor, quer mangar commigo… Quem sou eu?» No outro dia, nova festa, e a criadeira de gallinhas foi ás escondidas com o seu vestido de côr de mar com todos os seus peixes, e n'uma carruagem ainda mais rica. Ainda mais apaixonado ficou o principe sem saber de quem. No terceiro dia a mesma cousa, e a criadeira de gallinhas levou o vestido côr de céo com todas as suas estrellas. O principe ficou tão enthusiasmado que foi se pôr ao pé d'ella e lhe atirou no collo uma joia que ella guardou. Chegando a palacio, o principe cahiu doente de paixão e foi para cama. Não queria tomar nem um caldo; a rainha rogava a todas as pessoas para lhe levarem algum caldo, para vêr se elle acceitava, e era mesmo que nada. Afinal só faltava a criadeira de gallinhas, e a rainha mandou-a chamar para levar o caldo ao principe. Ella respondeu: «Ora dá-se! rainha, minha senhora, quer caçoar commigo?! Quem sou eu para principe, meu senhor, acceitar um caldo da minha mão? O que eu posso fazer é preparar um caldo para mandar a elle.»

A rainha concordou, e a criada preparou o caldo, e botou dentro da chicara a joia que o principe lhe tinha