sinha: «Aonde vai, meu principe honrado?» O moço contou tudo. «Ah! eu não lhe disse!? Para que não seguiu o meu conselho? Vá no reino dos cavallos, e entre á meia noite. Você lá ha de encontrar muitos cavallos gordos e de todas as côres, todos apparelhados, não pegue em nenhum. Lá n'um canto está um cavallo velho e feio, pegue n'esse.» O moço seguiu. Quando entrou no reino dos cavallos cahiu-lhe o queixo no chão: «Ora tantos cavallos bonitos, e eu hei de ficar com um diabo velho e magro!» E pegou n'um dos mais gordos e lindos. O cavallo deu um rincho tão grande que os guardas acordaram e prenderam o principe. Elle, com muito susto, contou toda a sua historia. Os guardas responderam: «Apois sim; nós lhe damos um cavallo se você fôr furtar a filha do rei.» Ahi o moço disse: «Então me dêem um cavallo para ir montado.» Elles concederam. O moço seguiu; quando ia adiante, lhe appareceu outra vez a raposinha: «Onde vai, meu principe honrado?» Elle contou tudo. A raposa disse: «Pois veja: eu sou a alma d'aquelle homem que estava apanhando de cacete depois de morto e de que você pagou as dividas; ando-lhe protegendo, mas você não quer fazer caso dos meus conselhos, e, por isso, tem andado sempre em perigo… Vá montado n'este cavallo; chegue á meia noite no palacio do rei, pegue a moça e bote na garupa, largue a redea a toda a brida; passe pelo reino dos cavallos para lhe darem o seu, pelo das espadas para lhe darem a sua, e pelo dos papagaios para levar tambem o seu, e vá voando para casa de seu pai, que elle vai mal. Nunca entre por varedas, nem preste ouvidos a ninguem até á casa. Adeus, que é esta a ultima vez que lhe appareço.»

O principe partiu. Chegando no palacio, furtou a moça; chegando no reino dos cavallos, recebeu o seu; no das espadas, a sua, e no dos papagaios, o seu. Seguiu sempre na carreira. Adiante encontrou uns moços que