nha eu a Guimara, e Guimara mau fim tenha a mim.» Passou-se. Depois de alguns dias, o gigante que andava com vontade de matar o homem pequeno, lhe alevantou outro aleive: «Oh! homem pequeno, tu disseste que te atrevias a fazer da Ilha dos bichos bravos um jardim cheio de flôres de todas as qualidades, e com um cano a deitar, a despejar agua, tudo n'uma noite?» — «Senhor, eu não disse isto, mas como vossemecê ordena eu irei fazer.» Sahiu d'alli mais morto do que vivo, e foi ter com Guimara, que lhe disse: «Não tem nada; eu hoje hei de fazer tudo de noite.» Assim foi. De noite ella fugiu de seu quarto, e, com o homem pequeno, trabalhou toda a noite, de maneira que no outro dia lá estava o jardim cheio de flôres, e com um cano a jorrar agua; era uma obra que dar-se podia. O gigante, dono da casa, foi vêr a obra e ficou muito espantado, e, então, formou o plano de ir á noite ao quarto de Guimara e ao do homem pequeno para os matar. A moça, que era adivinha, communicou isto a D. João, e convidou-o para fugir, deixando nas camas em seu logar duas bananeiras cobertas com os lençoes para enganar ao pai.

Alta noite fugiram montados no melhor cavallo da estrebaria, o qual caminhava cem leguas de cada passada. O pai quando os foi matar, os não encontrou, e disse o caso á mulher que lhe aconselhou que partisse atraz montado no outro cavallo que caminhava cem leguas de cada passada, e seguisse a toda a brida. O gigante partiu, e, quando ia chegando perto dos fugitivos, Guimara se virou riacho e D. João um negro velho, o cavallo n'um pé de arvore, a sella n'uma leira de cebolas, e a espingarda, que levavam, n'um beija-flôr. O gigante, quando chegou ao riacho, se dirigiu ao negro velho, que estava tomando banho: Oh! meu negro velho, você viu passar aqui um moço com uma moça?» O negro não prestava attenção, mergulhava n'agua, e quando alevantava a cabeça, dizia: — «Plantei estas ce-