— Traga-me vossa alteza uma pedra do palacio.
O principe partiu, e ao chegar ao palacio da sua noiva ouviu que tudo estava de luto pela falta da princeza. Muito triste ficou, e no mesmo instante comprou tudo que as criadas lhe tinham pedido, e a pedra para Clarinha, e partiu. Chegou cá muito triste e alguma coisa desconfiado de quem seria Clarinha. Entregou-lhe a pedra, e para saber o que ella quereria fazer d’isso, metteu-se debaixo da cama, quando a criada deu volta. Quando ella veiu para o seu quarto, fechou-se por dentro e cuidando que não estava ninguem, começou a dizer á pedra isto:
— Pedra do palacio de meu pae, vou contar-te a minha vida.
E contou desde os passeios do jardim e da aguia, até ali. E no fim de tudo a pedra deu um estoiro, e Clarinha disse:
— Abre-te, pedra, n’uma roda de navalhas, que me quero deitar n’éllas.
O principe então sahiu debaixo da cama, e abraçou-a dizendo:
— Porque me não contaste teus males, querida Clarinha?
— Porque logo que a aguia queria que eu passasse trabalhos, quiz passal-os emquanto era nova, porque sempre tinha alguma esperança.
D’ali a um momento os dois principes casaram-se, e foram ter com a rainha mãe da princeza, que ficou muito satisfeita e veiu viver com elles.
(Ilha de S. Miguel—Açores.)
Havia perto de uns mattos uma casa onde viviam trez irmãs, que eram muito amigas. O rei costumava ir caçar áquelles mattos, e passava sempre pela casa; ora de-