mificações coloniaes, poderiamos incorporar na nossa collecção alguns contos brazileiros publicados pelo sr. Sylvio Romero, [1] e fórmas metrificadas, colligidas na ilha da Madeira pelo sr. Dr. Alvaro Rodrigo de Azevedo no Romanceiro d’aquelle archipelago. [2] As fórmas metrificadas do conto são de uma extraordinaria importancia; em muitas versões ainda se conservam fragmentos em verso, sobretudo nas partes em que se reclamava mais attenção, e d’onde parece inferir-se que a redacção mais genuina e primitiva fôra em verso. Só na tradição da ilha da Madeira é que se tem encontrado com frequencia contos completos em verso, talvez de elaboração secundaria da tradição popular pela facilidade espontanea da formação da redondilha assonantada. Da ilha de S. Miguel tambem recebemos o Caso do tio Jorge, que é um fabliau da edade media, em fórma metrificada.

Na linguagem popular existem muitas designações para estas narrativas novellescas, como: Historias, Casos, Contos, Exemplos, Lendas, Patranhas, Ditos, Fabulas, synthetisando-se todas na locução de Contos da Carochinha, da mesma fórma que em França ha a expressão generica de Contes de la mère Oie e Contes du Vieux Loup. Embora o povo confunda essas variadas designações,

  1. Na collecção dos Contos populares do Brazil acham-se os seguintes com paradigmas no nosso presente trabalho: Os trez coroados, Rei Andrada, O passaro preto, Dona Pinta, A moura torta, Maria Boalheira, A Madrasta, João Gurumete, Manoel da Bengala, Cova da Linda-Flôr, João e mais Maria, A Formiga e a Neve, O Matuto João, A mulher dengosa. Este facto confirma as palavras de Barbosa Rodrigues sobre os contos brazileiros: «alguns contos tenho colligido, postoque tenham a singeleza infantil e mesmo uma poesia natural, não constituem lendas; são simples historias quasi todas eivadas de superstição e seladas com o cunho europeu, e raras vezes mesmo africano.» (Revista brazileira, t. X, p. 24.)
  2. Os contos em verso da tradição madeirense são: A mulher do almocreve (Rom., p. 321), As trez cidras do amor (Rom., p. 340), A gata borralheira (ib., p. 364), Os encantos da grande fada Maria (ib., p. 391), O macaco (ib., p. 454), A carochinha (ib., p. 457).