— Deita cá a barca; deita cá a barca.
E n'isto ia com a mão á cabeça e dava uma coçadella. O irmão, que era ranhoso, passava as costas da mão pelo nariz, e dizia:
— Atravessa; atravessa.
O que estava cheio de sarna, pôz-se a pular e a saracotear-se, e dizia:
— Inda bem, inda bem,
Que a barca já lá vem.
(Porto.)
O que era tinhoso, levava a mão á altura da cabeça, e coçando como quem não quer a coisa, dizia:
— Lá vem um navio.
Dizia o que era ranhoso, assoando-se ás mangas:
— Tanto se me dá que venha por aqui, como por ali.
(Ilha de S. Miguel.)
Um compadre perseguia outro por uma divida; todas as vezes que lhe passava pela porta dizia:
— Dá-me o meu meio tostão.
O devedor, vexado, disse para a mulher que se ia fingir morto, e que ella o carpisse muito, para vêr se quando o compadre passasse lhe perdoava pela sua alma o meio tostão. Assim fez; a mulher pranteou e depenou-se, mas o compadre veiu ao acompanhamento do enterro, e quando o corpo se depositou na egreja deixou-se ficar escondido debaixo da eça. De noite os ladrões entraram na egreja, e como viram a luz das tochas allumiando o