dos Arabes; os estudos e recensão sobre as Fabulas de Esopo restabeleceram a continuidade das tradições greco-romanas, que Robert accentuou nos fabliaux dos troveiros francezes, e pela investigação das fontes do Decameron de Boccacio se fixou esse fundo de persistencia litteraria das tradições novellescas que se encontra nos Exemplos moraes dos prégadores da Edade media, desde o Gesta Romanorum até aos Novellistas cultos da renascença na Italia.

A critica litteraria, coadjuvada pelos modernos trabalhos de philologia, tem procurado fazer alguma luz n’este complicado problema da Novellistica, em que se distingue por um saber especial o Dr. Reinhold Köhler, da bibliotheca de Weimar; podem-se reduzir a trez as questões d’este intrincado problema:

1.ª Qual a origem d’estes contos, communs a quasi toda a humanidade.

2.ª Qual a fórma da sua transmissão entre as differentes raças e civilisações.

3.ª Qual o gráo de persistencia nas sociedades modernas.

A estas differentes questões tem-se respondido com mais ou menos intuição, mas sem a segurança de um methodo scientifico. É certo que os contos têm relações com mythos primitivos, de que são a ultima transformação; porém, esses mythos não estão sufficientemente esclarecidos, d’onde resulta que a interpretação novellistica cada vez mais se confunde. Ha raças que pela sua situação só desenvolveram os mythos solares, e outras que exerceram a sua imaginação formando mythos sideraes; por aqui se vê quanto perigoso não será para o critico o reduzir a interpretação dos contos a um systema unico. As analogias de contos asiaticos com outros que apparecem entre as populações negras da Africa obrigam á formação de hypotheses gratuitas sobre o modo de transmissão pelo contacto com os viajantes europeus. A