como uma doença da linguagem; mas o mytho antes de ser expresso pela palavra é uma concepção do espirito, é um estado mental. Hoje mesmo se fabricam espontaneamente contos entre o povo nascidos de analogias etymologicas, ou de equivocos de linguagem; e o que se repete com frequencia em uma edade de critica, era geral em uma edade de syncretismo mental, em que não havia uma justa relação entre a realidade e as noções subjeclivas. A linguagem não podia exprimir relações geraes e abstractas; por assim dizer significava, adstricta ao sentido concreto e esse por meio de comparações. Na China o vocabulo que exprime a Fabula significa comparação (Pi-yu). Foi comparando as coisas entre si, por meio de prosopopêas que se fizeram as Fabulas onde raras vezes entram mais de dois personagens. Os homerides representavam Achilles comparando-o ao leão cercado de caçadores e os troyanos a um bando de grous. As comparações, assim como produziram a Fabula emquanto a differenças, produziram os Enigmas pela aproximação mais ou menos pittoresca das similhanças. Estas duas fórmas tradicionaes encontram-se muitas vezes confundidas pela contiguidade da origem; os contos de Enigmas (Rathsalmärchen) são uma das fórmas mais antigas da Novellistica, pelo estado mental que representam. A propria linguagem subordinada á expressão de um pensamento, era uma figuração dramatica; fallar é derivado de fabular, o modo de communicar concretamente um pensamento, e a palavra é a Parabola, uma comparação trazida para uma situação determinada, e já com intuito moral. O poder das palavras, que corresponde ás religiões fetichistas propiciatorias e esconjuratorias, apparece com frequencia nos contos populares; e essa relação entre o Nomen, o Omen e o Numen, que Max Müller vê nos mythos, é um metaphorismo da linguagem, porque deriva de um estado mental animista. A palavra desdobra-se como epitheto em entidades independentes; o