aos mythos semitas, dá-se tambem com a civilisação turaniana no seu contacto com os Arias. Husson considera os Peixes salvadores dos contos populares como provenientes das lendas chaldeo-babylonicas; e Belloguet vê nas figuras dos Ogres e dos Cyclopes, em rivalidade com os Ulysses e Petit Poucet, como um antagonismo nos elementos das raças do Occidente.[1] Dos mythos que se acham na epopêa finlandeza do Kalevala, e que se reproduzem nos contos populares europeus, deduz Gubernatis que primitivamente as raças turanianas e áricas se acharam em contacto, tendo entre si certas conformidades, hoje desconhecidas pelos differentes gráos de civilisação em que se acham.[2] Bergmann, no seu trabalho sobre os Getas, explica cabalmente este problema; tambem pelos Contos populares Esthonianos, publicados por Frederico Kreuzwal, e annotados por Köhler, em 1869, apparecem narrativas que parecem as fórmas completas de muitos contos europeus; ahi apparece a velha feiticeira que tem prezas as donzellas, os jovens principes perdidos na floresta, o segredo da linguagem dos passaros, os cavallos magicos, as transformações maravilhosas, o anão intelligente e a boneca-fada. O vigesimo conto esthoniano é uma variante do Barbe bleu, commum a todos os povos da Europa. Gubernatis interpreta o sentido mythico d’esses contos, o que é mais plausivel quanto mais atrazado está o povo a que pertencem, sendo esse o meio de pelo processo eomparativo vir a determinar a intenção mythica perdida na novellistica dos povos mais civilisados. Nos Awarische Texte, publicados por Schieffner, acha-se tambem um conto popular bastante desenvolvido similhante ao nosso intitulado os Dezeseis quintaes, que se encontra tambem na collecção siciliana de Laura Gonzemback. Outro mysterio da tradi-

  1. Ethnologie gauloise, t. III, p. 47.
  2. Myth. zoologique, t. I, p. 164 a 184.