ção, desde que se desconhecer o contacto primitivo das raças nomadas da Alta Asia com os Arias; a essas raças pertencem o grupo turaniano, e os povos que sob o nome de Lybios e Iberos, e de Eusk e Aquitanios, nos apparecem occupando o Occidente da Europa. Se um certo numero de costumes e superstições tem sobrevivido até hoje na civilisação moderna d’essas edades ante-historicas, porque não subsistirão os contos como ultimos restos de mythologias extinctas? O Tributo das Donzellas é considerado como uma degeneração mythica, como se deduz da comparação com outras lendas que tornam mais evidente essa relação. O contacto das raças nomadas ou mongoloides com os Arias[1] é que nos explica como um certo numero de fabulas e contos chinezes, como o da Matrona de Epheso, apparecem na Europa sem que seja possivel descobrir uma connexão historica entre as duas civilisações. Apresentaremos um facto além de muitos já observados no dominio dos costumes e superstições populares.

Gregorovius, no seu livro sobre a Corsega, cita um canto popular no gosto dos romances peninsulares, que nós encontramos na tradição oral do Minho em fórma de conto em prosa, adaptado aos interesses da vida moderna. Eis o vocero corso:

«Um rapaz das montanhas deixa sua mãe, pae e irmã e vae para a guerra sobre o continente. Ao cabo de muitos annos regressa feito official. Caminha para as suas montanhas; ninguem dos seus o reconhece. Só se dá a conhecer a sua irmã, cuja alegria é indizível. Elle depois

  1. Eschylo cita uma fabula lybica, dizendo: «Uma fabula lybica conta que um dia a aguia ferida contemplou as pennas da flecha que a ferira, e disse: — São as nossas proprias azas que prestam o instrumento da nossa perda. (Plutarcho, De Musica, XVII. Ap. Guizot, Menandro, p. 15). Menandro, para justificar a precocidade do seu talento, conta uma fabula da Porca e dos bacorinhos que nasciam sabendo praticar um certo numero de actos. (G. Guizot, Menandre, p. 7.)