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e da salvação das princezas filhas do rei de Portugal, colligido d a tradição oral da Toscana. Portugal, nos contos populares europeus, é o paiz das maravilhas, e as laranjas, como pômos dourados das Hesperides são chamadas Portogalotes; uma grande parte dos assumptos novellescos narram-se como tendo acontecido em Portugal. Por ultimo citaremos ainda uma versão catalan, colligida por Maspons y Labros, nos Rondellayres, com o titulo Jean de l'Ours, e a versão franceza colhida recentemente por Emmanuel Cosquin, nos Contes populaires lorrains, com o titulo La canne de cinq cents livres. É evidente a universaliade d'este conto, e com certeza desenvolveu-se pela obliteração do seu sentido mythico primitivo. Gubernatis determina essa interpretação pelo conto IV da collecção de Erlenwein, Narodnija Sharki sabrannija selskimi ueiteliami: «os tres irmãos apparecem sob nomes mythicos interessantes; uma mulher dá á luz tres filhos; um nasce-lhe á noite, e por essa razão lhe chamam Vecernik, ou da noite; o segundo, á meia-noite, e por isso o seu nome é Polunocnik; e o terceiro ao alvorocer, pelo que o chamam Svetazor, ou o ladino.» Segundo a universalidade da tradição este é o mais esperto, e gira com uma clava de ferro de doze puds, e vae com os irmãos libertar trez princezas encantadas, que são a princeza do castello de cobre (Aurora da Tarde), a princeza do castello de prata (a Lua argentea), e a princeza do castello de ouro (a Aurora da manhã) que casa com Svetazor (o Sol.)» Op. cit., p. 209.

Nos Contos populares do Brazil, de Sylvio Romero, ha uma variante, n.º XIX, intitulada Manoel da Bengala.


48. A torre de Babylonia. — Segundo uma nota de Consiglieri Pedroso, tambem tem o titulo da Torre da Somnolencia, o que nos explica o sentido do titulo com que o ouvimos em uma versão de Abrantes, A torre da madorna. Acha-se nos Contos populares portuguezes, n.º