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Media, acha-se em João Diacono, em S. Thomaz, e Dante tratou-a no seu Purgatorio, canto x; apparece no De Mirabilibus urbis Romae, e foi metrificada no Dolopathos, canto quinto. (Vid. ed. Janet, p. 265.) Na collecção do Novellino, vem sob o n.º LXIX. A lenda continuou a ser conhecida em Portugal como thema de arte. Em uns panos de raz do palacio de D. João II estava pintada a lenda da justiça de Trajano, como o referem os chronistas. Tambem em uma festa palaciana, D. João II appareceu na sala «invencionado em Cavalleiro do Cirne.» Sobre esta outra lenda, conhecida em Portugal, póde vêr-se Jacob Grimm, nas Veillées allemandes, t. II, p. 342 a 370. (Ed. Paris, 1838) e a larga introducção de Reifenberg na Chronica rimada de Philippe de Mouskes.


134. A morte dos avarentos. — Nas facecias populares, o avarento apparece em uma grande variedade de episodios; é natural que os pregadores catholicos se apropriassem de um fundo tradicional conhecido. (Vid. n.º 99.)


135. As miserias da riqueza. — O thema do rei que anda de noite pela cidade, tem uma base popular. (Vid. n.º 38 e 39.)


136. O que Deus faz é por melhor. — Acha-se no Conde de Lucanor. Vid. o conto de Trancoso, sobre o mesmo thema, mas em diversa situação. (N.º 164.)


138. Os quatro ribaldos. — Este conto acha-se traduzido no Orto do Esposo, ms. da Bibliotheca de Alcobaça, do seculo XIV. A redacção mais antiga é a que vem no Pantchatantra, liv. III, n.º 4: O Brahmane e os Ladrões. (Trad. de Lancereau, p. 225, e nota resumida de Benfey, a p. 374.) Acha-se egualmente no Hitopadeça,[1] d'onde

  1. Trad. Lancereau, p. 192.