nos vê. O nosso irmão mais velho quer ficar com as tres cousas para si, e nós queremos que se repartam á sorte.

— Isso arranja-se bem, disse o rapaz querendo harmonisal-os. Eu atiro esta pedra para bem longe, e o que primeiro a apanhar é que hade ficar com as tres cousas.

Assentaram n’isso; e quando os tres irmãos corriam atraz da pedra, o rapaz calçou as botas, e disse:

— Botas, levem-me ao logar em que está minha irmã mais velha.

Achou-se logo n’uma montanha escarpada onde estava um grande castello, fechado com grossos cadeados. Metteu a chave e todas as portas se lhe abriram; andou por salas e corredores, até que deu com uma senhora linda e bem vestida que estava muito alegre, mas gritou com espanto:

— Senhor! como é que pôde entrar aqui?

O rapaz disse-lhe que era seu irmão, e contou-lhe como é que tinha podido chegar ali. Ella tambem lhe contou a sua felicidade, mas que o unico desgosto que tinha era não poder o seu marido quebrar o encanto em que andava, porque sempre lhe tinha ouvido dizer que só se desencantaria quando morresse um homem que tinha o condão de ser eterno.

Conversaram bastante, e por fim a senhora pediu-lhe para que se fosse embora, porque podia vir o marido e fazer-lhe mal. O irmão disse que não tivesse cuidado por que trazia comsigo um chapeu, que em o pondo na cabeça ninguem mais o via. De repente abriu-se a porta, e appareceu um grande passaro, mas nada viu, porque o rapaz quando sentiu barulho pôz logo o chapeu. A senhora foi buscar uma grande bacia dourada, e o passaro metteu-se dentro transformando-se em um mancebo formoso. Em seguida olhou para a mulher, e exclamou:

— Aqui esteve gente! — Ella ainda negou, mas viu-se obrigada a confessar tudo.

— Pois se é teu irmão, para que o deixaste ir em-