ao rei, mas só se lhe desse o annel que a princeza trazia no dedo. O rei disse que sim; então o annel transformou-se em um lindo rapaz e pediu á princeza que quando o rei lhe mandasse entregar o annel ao Magico, que lh’o não desse na mão, mas que o atirasse ao chão, para elle o levantar. O rei passados dias ficou bom, e assim que o Medico veiu á côrte, pediu o annel; o rei chamou a filha e disse que lhe entregasse o annel. A princeza mostrou-se triste mas obedeceu; tirou o annel e deitou-o ao chão, como se estivesse zangada. O annel transformou-se em uma romã que toda se esbagoou pela sala; mas o magico mudou-se em gallinha, e n’um instante foi engolindo todos os grãos. Ficou um unico grãosinho de traz de uma porta, e esse transformou-se n’uma raposa, que se atirou á gallinha e a comeu n’um instante. A princeza ficou muito pasmada com aquillo, e pediu á raposa que se tornasse em principe que casaria com elle. E elle assim fez e foram muito felizes.

(Algarve.)



10. O MESTRE DAS ARTES

Havia um pae, que tinha tres filhos, e emquanto dois d’elles andavam a trabalhar nos campos, o mais moço começou a aprender todas as artes e industrias. Disseram os irmãos ao pae:

— Nós trabalhamos até aqui para meu pae poder viver, e o nosso irmão mais novo sem fazer nada; agora d’aqui em diante elle deve puxar pelo que aprendeu.

O filho mais novo pediu ao pae que lhe desse um açaimo de cão de caça, e disse-lhe:

— Vou-me tornar em cão de caça; meu pae hade trazer uma correia e um pau para virem cheios de coelhos, e hade passar pela porta do mercador, que se dá por grande chibante de caça.