casar com a donzella, mas em ella passando ao pé d’um laranjal hade pedir uma laranja, e em a comendo hade arrebentar:


E quem isto ouvir e não se calar

Em pedra marmore hade-se tornar.


A segunda pomba disse: — Ainda não é só isso; ella hade passar por pé de uma fonte e hade querer beber agua, e logo que a beba hade arrebentar:


E quem isto ouvir e não se calar

Em pedra marmore hade-se tornar.


A terceira pomba disse: — Ainda não é só isso; se ella escapar de tudo, assim que chegar a casa, na noite de noivado hade vir uma bixa de sete cabeças que hade matal-a.


E quem isto ouvir e não se calar

Em pedra marmore hade-se tornar.


Ouviu o filho do sapateiro isto tudo, e quando amanheceu disse ao principe que era melhor voltarem para o reino, porque o rei devia de estar muito amargurado, e que lhe daria o perdão e licença para casar com a donzella, que era de sangue real. O principe deu pelo que disse o filho do sapateiro e metteram-se a caminho. Passaram por um laranjal, e aconteceu o que a pomba tinha dito; mas o filho do sapateiro disse que aquellas laranjas não se vendiam, e foram andando. Passaram por uma fonte, a menina quiz beber, como a outra pomba tinha dito, mas o filho do sapateiro disse que não havia com que tirar a agua. Até que chegaram ao palacio; o rei ficou muito alegre quando viu o filho, perdoou-lhe, e sabendo que o conselho do filho do sapateiro é que o fizera