lhe uma voz) mata esses teus filhos, e unta esta pedra com sangue innocente.

O principe hesitou, mas cheio de confiança no poder da amisade, degolou os meninos, e a estatua mecheu-se logo e appareceu ali o amigo outra vez vivo. Abraçaram-se muito, e quando o principe se voltou para o logar onde estavam os filhos achou-os muito alegres a brincarem, tendo apenas em volta do pescoço uma fitinha vermelha. Nunca mais se separaram, e d’ali em diante viveram todos muito felizes.

(Algarve.)



13. O CONDE-SOLDADINHO

Junto do palacio do rei morava um pobre soldado; no dia e hora em que nasceu um filho ao rei, tambem a mulher do soldado teve um filho. Aconteceu serem muito amigos um do outro, e o rei como era justiceiro e de bom coração deixou que o soldado e a mulher viessem viver para o palacio, para as duas crianças brincarem juntas. Chamavam todos no palacio ao rapaz o Conde-Soldadinho; elle acompanhava o principe a todas as festas e caçadas.

Uma vez andava o principe á caça, e achou-se ardendo em sêde. O Conde-Soldadinho foi-lhe arranjar agua; d’ahi a pedaço veiu com um lindo jarro cheio de agua fresca.

— Quem é que te deu um jarro tão bonito?

— Foi n’uma pobre cabana; e que faria se o principe visse a mãosinha que m’o deu!

Foram ambos levar o jarro á cabana, e o principe ficou logo apaixonado por uma rapariga muito linda que ali morava. Tomou amores com ella, ia vel-a em segredo, até que prometteu casamento para obter tudo o que queria. Temendo que o rei soubesse d’aquelles amores, nunca mais voltou á cabaninha, mas andava muito triste com