trocaram abraços e beijos, galanteios recíprocos à vista de todos, enquanto Mariquinha ralava-se de ciúmes e de raiva, reduzida a ouvir as amabilidades insulsas do dr. Filgueiras. A formosa moça retirou-se cedo e, quando chegou a casa, rompeu num pranto soluçado que terminou por um vagado de três horas.

Mariquinha achava-se deitada na rede alva de linho com ricas varandas de rendas encarnadas, mas não dormia. Ia já alta a noite. O quarto, fracamente alumiado por uma candeia de azeite de mamona, mostrava indecisamente o contorno dos objetos e das pessoas que continha. Pelos vãos das telhas, penetrava a aragem fresca da madrugada, embalsamada pelos odores da floresta e repassada da umidade do rio, cujo murmúrio brando se percebia no silêncio da vila. Nos outros aposentos da casa todos dormiam. Mariquinha, com os olhos semicerrados, com o corpo negligentemente estendido, pondo para fora da rede uma perna admiravelmente torneada, de um moreno- claro acetinado, no abandono do repouso recatado, estava