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CONTOS E PHANTASIAS
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Clotilde que era caridosa em certas horas, e que ostentava o capricho da protecção, tinha em sua casa, como companheira, pupilla ou o que quer que fosse, uma parenta pobre de sua fallecida mãe.

Muitas vezes a levava comsigo ás reuniões mais intimas talvez por um refinado instincto de garridice.

Tão admiravel e triumphante era a belleza de Clotilde, como doce, modesta, soffredora, era a apparencia de Angelina. D’este contraste que a todos os olhos se impunha, resultavam sempre grandes alegrias de amor proprio para a elegante herdeira.

Angelina tinha pois uma dupla missão, inteiramente passiva. Fazer sobresahir a bondade de Clotilde e a sua formosura.

Quando Clotilde conheceu mais de perto aquelle que seu pae lhe promettera muito brevemente para esposo, comprehendeu logo, com a rara perspicacia que a distinguia, que o que na sua pessoa havia de mais brilhante e admirado pouca ou nenhuma influencia exerceria no coração d’elle.

Uma noite em que a filha do conselheiro Magalhães