contra-mestre no portaló olhava mais lentamente para o Douro como quem procura enxergar uma cousa desejada e cubiçada.
— Ainda nada? perguntou o capitão.
— Admira, capitão! Das outras veses pouco se deixa esperar essa visita.
E com a mão em quebra-luz continuava a observar o movimento dos botes e das catraias.
De repente, a Cigana, uma cadella de fila que era o idolo de toda a tripulação do navio, deu um salto, subiu as escadas do portaló, e alongando o pescoço, meneou festivamente a cauda e ladrou de contente...
Era um latir alegre e de boa feição, o latir que ouvimos aos cães das nossas casas, quando recolhemos depois de longa ausencia.
— Espera! disse o contra-mestre, a Cigana tem faro. Ahi vem a sua gente, capitão!
Navarro ergueu-se, olhou e viu um barco que, á força de remos, se dirigia para a galera.
— Até que emfim! disse o capitão, e desceu cheio de contentamento as escadas do portaló...
A cadella, vendo descer o dono, acompanhou-o e saltou ao mesmo tempo que elle para o interior do barco.
O contra-mestre olhava de cima aquelle quadro e murmurava entre alegre e melancolico: