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CONTOS E PHANTASIAS
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Não eram essas as menos bemfadadas.

Ella, porém, ficára só.

Porquê?

Condemnação de que não conhecia o implacavel segredo!

Tambem fôra môça, tambem tivera crenças, esperanças, pequenos sobresaltos de amor proprio, ephemeras vaidades de quem se julgara querida!

Estremecera muita vez, ao sentir abrir uma porta, echoar um passo ligeiro e firme nos vastos corredores, vibrar uma voz viril, grave e terna!

Tivera rubores subitos, sentindo pousar na sua fronte branca, a luz d’um olhar quente e caricioso; colhêra uma rosa, prendera nos cabellos um cacho de madresilva, vestira um dia um certo vestido branco, cheia de alegria, agradecendo a Deus ter feito a vida tão boa, o céu tão azul, o cheiro das arvores tão penetrante e tão sadio!

Olhava n’este tempo para as creanças, beijava-as como a ensaiar as graças da maternidade, fazia-lhes festas, pensando que tambem havia de ter um dia uns pequeninos como aquelles, que lhes havia de querer muito, e leval-os a passear, seguida pelo olhar invejoso das outras mães... cujos filhos seriam forçosamente feios.

Então consultava comsigo mesma o systema de educação que adoptaria, e o modo porque os havia